Câmara de Silves expressa “tristeza e desolação” pela transferência da Corticeira Amorim

Foi com “tristeza e desolação” que o município de Silves tomou conhecimento, no passado dia 7 de maio, que a Fábrica da Corticeira Amorim irá encerrar a sua atividade industrial de produção de aglomerados de isolamento de cortiça.
Na origem da decisão de encerramento foram invocados problemas de mercado, o custodas matérias-primas e sua inflação e o contexto tributário a nível internacional.
A Câmara considera que a decisão se baseou “única e exclusivamente” num critério de “racionalidade económica e de mercado”, exemplificando com “o contínuo declínio da procura dos aglomerados de isolamento de cortiça, por serem mais onerosos do que outros produtos alternativos existentes no mercado, sem haver indícios de inversão desta tendência nos próximos anos, o aumento dos custos da matéria-prima, proveniente dos montados de sobro do Alto Alentejo, e a instabilidade internacional no que respeita à tributação de exportações de produtos nacionais”.
A autarquia questionou a empresa acerca do futuro dos trabalhadores e da salvaguarda dos seus direitos, sendo que a resposta consistiu em duas possibilidades: “aceitar a transferência de trabalhadores para a unidade fabril de Vendas Novas, caso algum trabalhador assim o deseje” e, “noscasos de cessação laboral, atribuir compensações monetárias em dobro do valor previsto na lei a título indemnizatório”.
“Ficou ainda garantido que as casas de função manter-se-ão disponibilizadas aos trabalhadores, e seus familiares que lá residam, até que sejam encontradas outras e melhores soluções que satisfaçam todas as partes interessadas”, frisou em comunicado, garantindo que “no âmbito das suas competências legais”, o município se compromete a prestar, aos 31 trabalhadores, “todo o apoio possível na busca das melhores soluções para o seu futuro”.
Desde finais de 2021, a autarquia desenvolveu “importantes esforços” para evitar um encerramento, através de 16 reuniões de um longo processo participativo e construtivo, que integrou os representantes da Corticeira Amorim, da CCDR-Algarve e demais interessados diretos, com a finalidade de “compatibilizar a continuidade do funcionamento desta unidade fabril, com o cumprimento de exigências legais em matéria de ruído e a adoção de medidas de mitigação de poluição atmosférica”.
A referida unidade fabril de Silves foi aquela que “mais atenção e investimento” teve nos últimos quatro anos, nomeadamente no que diz respeito à “melhoria das condições de laboração dos seus trabalhadores, ao cumprimento de exigências legais aplicáveis ao funcionamento da fábrica e à adoção de recomendações ambientais”.
“A forte ligação da cidade de Silves à indústria transformadora da cortiça está longe de terminar”, garantiu a autarquia.
Jornal do Algarve